O BOLICHE COMO MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Pedagogia – CPAN

 CAETANO, K. A. S.

AUZIER, A. C.

TRINDADE, Ana Flávia

ARRUDA, H. S. A.

GARCIA, E. S.

SANTOS, F. A.

 RESUMO

 

Com a experiência que tivemos em sala de aula por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi possível observar a resistência e a dificuldade dos alunos em aprender matemática. Com isso buscamos uma forma de tornar o processo de aprendizagem interessante e prazeroso para as crianças do primeiro ano do ensino fundamental. Foi possível verificar ainda, através da observação e de alguns estudos, que a maioria dos casos de crianças que dizem não gostarem de matemática a fazem pelo simples fato de não a compreenderem. Para tanto, escolhemos o boliche como recurso didático com o objetivo de proporcionar a aprendizagem matemática de forma prazerosa por meio da ludicidade. De acordo com os estudos o boliche faz com que as crianças percebam que são capazes de aprender, pois esse jogo pode proporcionar o aprendizado da relação número-numeral, bem como operações matemáticas, noção de espaço, coordenação motora, raciocínio lógico, concentração, trabalho em grupo, bem como a ética, entre outros conhecimentos.

 

Palavras-Chave:Aprendizagem. Ludicidade. Conhecimento matemático.

 

INTRODUÇÃO

 

Com a experiência que tivemos em sala de aula por meio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi possível observar a dificuldade e a resistência que os alunos demonstravam durante as aulas de matemática.

Com isso, buscamos uma forma de fazer com que fosse possível desvendar o “mundo da matemática”, pois muitas vezes as crianças alegam não gostarem desta disciplina pelo simples fato de não compreender sua lógica.

Tentando entender como se constitui o conhecimento matemático e quais os elementos são necessários para a aprendizagem, verificamos inicialmente que a matemática está presente em todas as nossas ações em nosso cotidiano, desde as mais simples até as mais complexas.

No entanto para aprender matemática em qualquer grau, de acordo com Berlinghoff e Gouvêa (2010, p. 1), “[…] é preciso entender as questões relevantes […] [para] que se possa esperar que as respostas façam sentido. Entender uma questão, muitas vezes, depende de saber a história da idéia.”, ou seja, compreender de onde ela vem e quais as etapas de seu desenvolvimento e, assim, “[…] ajudar aos estudantes entenderem as questões e formas de pensamento que […]” lhes ofereçam detalhes.

Nas reuniões de estudo do grupo PIBID e as discussões que nelas ocorrem pudemos constatar que as crianças aprendem com mais facilidade através da ludicidade, pois a partir de jogos e brincadeiras a criança tem maiores chances de aprender, pois quando jogam, elas realizam “[…] cálculos mentais e eles não são aleatórios e nem tampouco desvinculados de um contexto maior. Há um objetivo para se realizar tais cálculos, objetivo estes que nas atividades repetitivas não se concretiza.” (JUSTO; MARTIN, 2014, p.5)

Na tentativa de sanar esse problema escolhemos trabalhar a matemática de forma lúdica e concreta, através do jogo, pois pretendemos chamar a atenção das crianças mostrando lhes que é possível aprender matemática de uma forma divertida. De acordo com Moura (1992, p.47),

 

O jogo para ensinar Matemática deve cumprir o papel de auxiliar no ensino do conteúdo, propiciar a aquisição de habilidades, permitir o desenvolvimento operatório do sujeito e, mais, estar perfeitamente localizado no processo que leva a criança do conhecimento primeiro ao conhecimento elaborado.

 

Assim, através das brincadeiras e dos jogos a criança desenvolve desenvolturas de pensamentos e de emoções e, dessa forma, aprende respeitar ao outro, compartilhar e desenvolver raciocínios e estratégias para enfrentar situações-problema. Para Modesto e Rubio (2014, p.3):

 

A criança constrói e reconstrói sua compreensão de mundo por meio do brincar; amadurecem algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e experimentação de regras e papéis sociais presentes nas brincadeiras. Por meio do lúdico há o desenvolvimento das competências […]; desenvolvendo o companheirismo; aprendendo a aceitar as perdas, testar hipóteses, explorar sua espontaneidade criativa, possibilitando o exercício de concentração, atenção e socialização. O jogo é essencial para que seja manifestada a criatividade e a criança utilize suas potencialidades de maneira integral, indo de encontro ao seu próprio eu.

 

No entanto, Souza (2012, p. 16) adverte que “[…] o trabalho com jogos em educação matemática, além de prazeroso, deve ser eficiente na tarefa de ampliar o domínio da criança sobre as ferramentas matemáticas que poderá utilizar na resolução de problemas futuros”. Assim, faz necessário “[…] buscar jogos e atividades recreativas que sirvam para alcançar objetivos concretos de aprendizado, aquisição de novos conhecimentos, desenvolvimento de capacidades cognitivas e sociais, etc. (BATLLORI, 2008, p.14 apud JUSTO; MARTIN, 2014, p. 6)

 

O BOLICHE E O ENSINO DA MATEMÀTICA

 

O objetivo deste jogo foi proporcionar a aprendizagem matemática por meio da ludicidade, aos alunos do primeiro ano do ensino fundamental com vistas mostrar às crianças que a matemática pode ser aprendida de diversas formas, não somente por meio dos livros didáticos, ou seja, que a matemática se faz presente no dia-a-dia e também nos jogos, como é o caso do boliche.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), “[…] os jogos, brincadeiras, explorações de espaços e materiais diversos oferecem contextos propícios ao desenvolvimento de noções matemática” (BRASIL, 2016, p. 252).

Em relação ao boliche Diana e Conti (2012, p. 6) enfatizam que “[…] a prática do jogo de boliche atrelado o ensino da matemática pode enriquecer os conteúdos dos livros didáticos, as grades curriculares obrigatórias e ainda, auxiliar no trabalho docente visando, principalmente, o ensino-aprendizagem efetivo dos discentes.” E acrescenta ainda que o o jogo harmoniza ainda “[…] o trabalho em grupo, a cooperação entre as crianças, a atenção, criticidade, lógica, noção do espaço, lateralidade, entre outras tantas habilidades pertinentes à disciplina da Matemática.” (DIANA; CONTI, 2012, p. 11)

Vale esclarecer que também que o boliche pode ser trabalhado em diversas outras áreas do conhecimento, mas neste caso iremos nos ater ao ensino da Matemática no primeiro ano do ensino fundamental.

 

O trabalho com o 1º ano do ensino fundamental

 

No que diz respeito aos objetivos podemos citar realização da contagem de objetos pelo uso da sequência numeral (oral); formulação de hipóteses sobre escritas numéricas relativas ao número dos pinos; contagens orais em escala crescente e decrescente, contando um a um; construção de procedimentos como formar pares e agrupar. Para facilitar a contagem e a comparação entre duas coleções; construção de procedimentos para comparar a quantidade de objetos de duas coleções, identificando a que tem mais, a que tem menos, ou se têm a mesma quantidade; indicação do número de objetos que será obtido se duas coleções forem reunidas (compor/juntar); indicações dos números que serão obtidos se forem acrescentados objetos ou retirados de uma coleção dada; identificação de semelhanças e diferenças entre os objetos utilizados; registro em tabelas suas observações (resultado).

Levando em conta que neste ano o foco do jogo é a quantidade. De acordo com Kishimoto (2002, p. 144)

 

Ao jogar boliche […] tem como analogia um padrão de medida representado pela garrafa que derruba. A relação biunívoca aparece de forma intuitiva na relação ainda confusa entre a queda dos alvos e sua quantidade, quando pode ocorrer uma primeira tentativa de construção do conhecimento.

 

O professor pode propor a contagem de garrafas pelo aluno, levando em conta quais foram derrubadas e quais ficaram em pé, problematizando as jogadas. As crianças poderão ainda representar em um quadro os resultados por meio de figuras e/ou por números.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Por meio da utilização do boliche esperamos que os alunos do 1º ano do ensino fundamental compreendam a relação número, numeral e algarismo, bem como aplicando as operações matemáticas através do jogo, numa perspectiva lúdica.

Chamando a atenção delas, fazendo com que entendam que são capazes de aprender os conteúdos matemáticos e que os mesmo podem ser trabalhados de diversas formas, as quais tragam prazer e diversão e uma aprendizagem eficaz.

No entanto, sabemos que os professores serão a peça fundamental para apresentar um ensino diferenciado que possa proporcionar ao aluno o desenvolvimento do raciocínio logico matemático, a autonomia e o enfrentamento na resolução de problemas.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Proposta preliminar. 2ª versão revista. Brasília: MEC, 2016.

 

BERLINGHOFF, William P.; GOUVÊA, Fernando Q. A matemática através dos tempos: um guia fácil e prático para professores e entusiastas. São Paulo: Edgard Blücher, 2008.

 

DIANA, Viviane Biason Gomes; CONTI, Keli Cristina A importância do jogo de boliche no auxílio à aprendizagem de matemática dos alunos do 1.º ano do ensino fundamental.  Divers@ Revista Eletrônica Interdisciplinar. Matinhos, v. 5, n. 2, p1-12, jun/dez.2012. Disponível em: < file:///D:/Usuarios/Usuario/Downloads/34167-125376-1-PB.pdf >. Acesso em: 28 mar 2017.

 

KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneiro Thompson Learning, 2002.

 

JUSTO, Sônia Garcia; MARTIN George Francisco Santiago .O ensino da matemática através dos jogos. In PARANÁ. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE, Paraná: SEE, 2014, p.1-12.

 

MODESTO, Monica Cristina. RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira. A Importância da Ludicidade na Construção do Conhecimento. Revista Eletrônica Saberes da Educação, volume 5, n1, 2014. Disponível em: <http://docs.uninove.br/arte/fac/publicacoes_pdf/ educacao/v5_n1_2014/Monica.pdf>. Acesso em 17 de abril de 2017.

 

MOURA, Manoel Oriosvaldo de. O jogo e a construção do conhecimento matemático. Séries Idéias, São Paulo: FDE, n. 10, p. 45-53, 1992.

 

SOUZA, Estela do Nascimento. A matemática nos jogos e brincadeiras na educação infantil: uma construção de aprendizagem. 2012, 53 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) Lins: Centro Universitário Católico Salesiano, 2012.