CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Pedagogia – CPAN
RONDON, K. J. O.1
PESSOA, E. A.1
PEREIRA, M.G.M.[1]
GARCIA, E. S.[2]
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo fazer uma reflexão sobre o processo de formação docente e atuação junto às turmas dos 1º, 2º e 3º ano do ensino da Escola Estadual Maria Leite, situada na cidade de Corumbá- MS. Para tanto, foi efetuado um projeto coletivo de contação de história. Em seguida cada subgrupo escolheu uma história e uma metodologia para apresentar para os alunos. Posteriormente foi elaborado o material de apoio para o processo de contação, ensaios e apresentação para o grupo que fez algumas sugestões. Após os ajustes e o aval do grupo a contação ocorreu nas respectivas salas de aula. Foi possível evidenciar que essa experiência vivenciada não foi somente significativa e prazerosa para as crianças, ela proporcionou uma reflexão sobre a importância de não dissociar a teoria da prática, bem como compreender que as disciplinas do curso e as atividades desenvolvidas no PIBID estão articuladas e se constituem em elemento para uma formação profissional sólida e de qualidade.
Palavras Chaves: Formação docente. PIBID. Projeto de Ensino.
INTRODUÇÃO
O projeto de cotação de história surgiu no subgrupo do PIBID/PEDAGOGIA/CPAN. Ele teve por objetivo fazer, de um lado, com que as pibidianas aprendessem elaborar um projeto que fosse desenvolvido na escola, bem como desenvolver a atividade de contação. E, de outro lado, proporcionar aos alunos da escola momentos de prazer em ouvir histórias de forma criativa, momento em que pudessem imaginar, pensar, recriar e sonhar, com a finalidade de desenvolver o gosto pela leitura. No entanto, adverte Rodrigues (2015, p. 65)
O objetivo do trabalho com a contação de histórias é possibilitar aos estudantes um importante momento para refletir sobre seus conceitos, seu corpo, o corpo do outro e a inter-relação desses corpos com o mundo, permitindo, também, o favorecimento da cultura de valorização da leitura. É fundamental ouvir histórias que possibilitem a percepção do mundo em que vivemos, em especial, os sons e os silêncios do mundo, além daqueles sons e silêncios que podemos produzir com nossa voz, nosso corpo ou com materiais diversos. A descoberta da possibilidade de brincar com os sons, se dá independentemente de habilidades musicais específicas, porém é sempre bom ter certeza de que a afinação do contador é suficiente para não desgostar os ouvidos do público de tal forma que tire a atenção da história, ou até mesmo o expectador do ambiente da contação.
O presente artigo tem por objetivo fazer uma reflexão sobre o processo de formação docente no Programa Institucional de Bolsas de iniciação à docência e atuação junto às turmas dos 1º, 2º e 3º ano do ensino da Escola Estadual Maria Leite, situada na cidade de Corumbá- MS. Para tanto ele está organizado em três momentos: o primeiro retrata um pouco do processo da elaboração do projeto; o segundo aborda de forma sucinta a efetivação do mesmo; e, por fim, as ponderações sobre o desenvolvimento, execução e formação docente.
PLANEJAMENTO E A ORGANIZAÇÃO
Inicialmente, faremos uma pequena explanação sobre o processo de preparo da atividade desenvolvida. Para a elaboração do projeto coletivo do subgrupo do PIBID foi necessário fazer um estudo sobre: a importância da contação para o desenvolvimento infantil; a seleção adequada da história a ser contada para cada faixa etária; metodologias de contação; do planejamento; entre outros. Nesse momento, verificamos as muitas as possibilidades de aprendizagem que a contação de história oferece, pois além de divertir e incentivar a leitura, ela pode desenvolver o raciocínio lógico, a socialização, sentimentos de pertença, sensibilidade, gosto artístico, interesse pela leitura e pelo conhecimento, compreensão de mundo, entre outros.
Após esse processo, cada grupo de pibidianos ficou incumbido de preparar e contar uma história. Nosso grupo selecionou a história da Galinha Xadrez de Rogério Trezza. Essa história foi selecionada por trazer uma reflexão sobre a importância do trabalho coletivo e a possibilidade de corrigir os erros cometidos. Também escolhemos os ”Palitoches” para fazer a contação. De acordo com Souza e Bernadino (2011, p. 244), o teatro de fantoches, no nosso caso palitoche,
[…] ensina a criança a prestar atenção no mundo sonoro, é um excelente recurso didático onde os professores podem abordar assuntos do conteúdo programáticos, focalizando o interesse para o assunto proposto, enriquecendo a aula.Após a montagem dos Palitoches, do cenário e alguns ensaios fizemos a primeira apresentação aos demais pibidianos e coordenadores de área que apresentaram algumas sugestões sobre nossa contação. Nesse momento verificamos o quanto é importante a organização e o planejamento de atividades, bem como o olhar de nossos colegas e professores. Pois, essa atividade possibilitou a correção de algumas falhas entre elas, a entonação das vozes, o tamanho de algumas personagens, além do espaço entre os palitoches dentro do cenário.
De acordo com Souza e Bernadino (2011, p. 244), “[…] a entonação bem usada repassando sentimentos e a clareza no dizer são técnicas fundamentais ao professor/contador […]”, bem como o preparo prévio para que a contação ofereça benefícios para o desenvolvimento infantil. Após as correções feitas reapresentamos ao grupo, esse momento recebemos elogios, motivo pelo qual ficamos empolgadas e um pouco menos apreensivas para contar as histórias para as crianças.
O PROCESSO DE CONTAÇÃO
Nossa atividade consistiu em contar as histórias nas salas de aula particularmente para cada turma. Cada turma recebeu três grupos com uma história e uma metodologia de contação diferente.
Ao chegarmos a cada sala de aula, nós nos apresentávamos para as crianças, bem como esclarecíamos por que estávamos ali e que iríamos contar uma história. Nesse momento, via-se certo deslumbre sobre a atividade, uma agitação, principalmente quando o cenário adentrava a sala de aula e, em seguida, um silêncio para que pudessem prestar atenção na história contada.
De acordo com Silva (1992), boas histórias são uma excelente conquista para toda vida e elas devem estar presente na vida de uma criança desde a mais tenra idade. Pois de acordo com Bettelheim (1980) é a partir do contato com um texto literário de qualidade, a criança é capaz de refletir, indagar, questionar, escutar outras opiniões, articular e reformular seu pensamento.
Durante a contação as crianças participaram entusiasmadas e ao final elas fizeram perguntas, explanaram ideias, relacionaram fatos da história com fatos da realidade vivida, pediram e tiraram fotos com as personagens, manusearam o livro, além de solicitarem mais contações, dando sugestões sobre o tipo de história que eles gostariam de ouvir, entre elas: princesas; super-heróis; aventuras; lendas.
Nesse momento, compreendemos na prática o que havíamos estudado na teoria sobre nossa atividade.
REFLEXÕES SOBRE O PROCESSO
A experiência vivenciada não foi somente significativa e prazerosa para as crianças, ela foi extasiante para nós, pois ao verificar o quanto que nossa formação e atuação pode fazer a diferença no processo educativo de uma criança traz uma sensação maravilhosa e inenarrável.
Ao refletir todo o processo verificamos que para planejar um projeto é necessário que tenhamos uma base teórica para concretizá-lo, principalmente, para compreender os caminhos que serão trilhados e ao final poder fazer uma avaliação do processo como um todo, com a finalidade de compreender se os objetivos foram alcançados e o que precisa ser revisto e melhorado.
Que os conhecimentos proporcionados pelas disciplinas do curso de pedagogia somados aos estudos e as reflexões efetuadas no PIBID, além do conhecimento do campo de atuação docente com supervisão tem sido elemento de uma formação profissional sólida, pois vivenciamos a cada momento o processo de articulação do conhecimento entre teoria, prática e teoria.
Vale acrescentar, ainda, que esse processo de elaboração, execução e avaliação do Projeto fez com que verificássemos mais do que a articulação entre a teoria e prática, fez com que reconhecêssemos a articulação dos conhecimentos oferecidos pelas diferentes disciplinas do curso no processo da formação docente.
Compreendemos que o ato de planejar e de replanejar é muito importante para que o processo de ensino seja de qualidade de forma que o aprendizado seja prazeroso e significativo.
Através de nossa experiência, ainda que pequena e isolada, pudemos perceber que a contação de história pode despertar a imaginação, a criatividade e, porque não dizer, o gosto pela leitura.
Assim entendemos que a leitura deve ser apresentada de forma lúdica, mágica, prazerosa proporcionando conhecimento e criticidade, bem como despertando a imaginação, sonhos, sentimentos, entre outros e, assim, a prática da leitura se constituirá um hábito e não apenas algo escolar e obrigatório que só tenha valor didático.
REFERÊNCIAS
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Incentivo à leitura, contação de histórias e a formação de professores: um relato de experiência. Cad. Ed. Tec. Soc., Inhumas, v. 8, n.1, p. 64-69, 2015. Disponível em: <cadernosets.com.br/index.php/cadernosets/article/download/198/125>. Acesso em: 17 maio 2017.
SILVA, Ana Araújo. Literatura para Bebês. Pátio, São Paulo, n. 25, p. 57-59, Fev/Abr. 2003.
SOUZA, Linete Oliveira de; BERNARDINO, Andreza Dalla. A contação de histórias como estratégia pedagógica. Educere et Educare. Cascavel, v. 6, n 12, p. 235-249, Jul./dez 2011. Disponível em: <e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/viewFile/4643/4891>. Acesso em: 20 maio 2017.
[1] Acadêmicas do Curso de Pedagogia – Bolsistas PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS
[2] Professoras Coordenadora de Área PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS