LEITURA, ESCRITA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO: UMA ORELHA COM ESTRIMILIQUE

Pedagogia – CPAN

SOUZA, A. C. A.1

SOUZA, E. B.1

FRANCO, E. F.[1]

GARCIA, E. S. G.2

FRANÇA, D. S.[2]

RESUMO

 

O projeto trabalha a Literatura Infantil com crianças em processo de alfabetização por meio do livro “Felpo Filva” de Eva Furnari, de maneira lúdica, proporcionando o uso de vários suportes para leitura. Possui como objetivo geral fazer com que os alunos sejam capazes de interpretar as leituras realizadas durante a aplicação do mesmo. Pretende-se que eles reconheçam a escrita como meio de comunicação, valorizem a leitura como fonte de prazer e comunicação, além de consolidar a escrita, leitura e interpretação. Como objetivos específicos o projeto busca proporcionar às crianças conhecimentos sobre os usos e funções sociais da escrita e da leitura; desenvolver comportamentos leitores e escritores; dialogar sobre como a leitura e a escrita estão presentes em nosso cotidiano; compreender e interpretar o que está sendo lido. O projeto, embasado na literatura infantil e a partir dela, se desdobrará em várias atividades como: produção de autobiografia; montagem de um manual de instruções; escrita de carta e telegrama pelos alunos; apresentação da função da bula de remédio, através de uma roda de conversa com um profissional da saúde; produção de uma fábula com a participação de todos os alunos da sala; contação de história; apresentação de várias receitas aos alunos; explicação de ditados populares e provérbios, ressaltando que neles sempre há mensagens subentendidas; ensinar a importância de se fazer listas; confecção de cartão com o tema Pantanal e apresentação de um músico para dizer como se faz a leitura de uma partitura. Com esse projeto esperamos desenvolver nas crianças a consolidação do processo da escrita, leitura e interpretação, de maneira lúdica, bem como fazer com que elas aprimorarem a habilidade da oralidade, e percebam as situações da vida cotidiana dentro da escola como ferramenta de aprendizado e aprendam por meio da contextualização.

 

Palavras-chaves: Leitura.  Escrita.  Interpretação.

 

INTRODUÇÃO

 

No decorrer das atividades propostas pelo PIBID e realizadas na escola, situada no município de Corumbá, na turma de 3º ano do Ensino Fundamental, foram apresentados as mais variadas formas de leitura e escrita a fim de proporcionar aos alunos um caminho que os levem a aprender a interpretar o que leem.

Pensando em consolidar o aprendizado é que este projeto de leitura, escrita e interpretação será desenvolvido visando propiciar uma prática pedagógica lúdica que possibilite aos estudantes o contato e a interação com a linguagem escrita nas diversas situações comunicativas, e possibilitando a leitura, a escrita, de forma prazerosa, e o entendimento do que se está lendo.

Dessa forma, o projeto será organizado de modo a garantir o uso efetivo dos diversos tipos de textos e de práticas de uso da linguagem, atividades de interpretação de diferentes tipos de textos e a produção de textos variados, como: autobiografia, poema, fábula, ditados populares e provérbios, o manual de instruções, a carta, o telegrama, a bula de remédio, o conto de fadas, a receita culinária, lista de coisas, o cartão postal e a canção (partitura).

Os objetivos principais serão: conhecer os usos e funções sociais da escrita e da leitura, desenvolver comportamentos leitores e escritores e dialogar sobre como a leitura e a escrita estão presentes em nosso cotidiano, seja em um convite, uma carta ou para deixar um recado através de bilhete e, por fim, compreender e interpretar o que está sendo lido.

 

JUSTIFICATIVA

 

A nossa experiência com o PIBID, através dos diversos acompanhamentos que fizemos dentro da sala de aula, nos fez perceber que muitos dos alunos sabem ler, porém quando perguntados sobre qual o significado do que leram muitos deles não conseguem interpretar. Tendo em vista essa dificuldade, julgamos relevante desenvolver um projeto na intenção de tentar solucionar ou pelo menos amenizar tal dificuldade.

A leitura nunca se fez tão necessária nos bancos escolares. De um lado há o aumento nas fontes de pesquisa e uma crescente preferência pelo construtivismo. De outro lado, vemos a grande dificuldade dos alunos em compreender questões eliminatórias no vestibular onde só se obtêm êxito quem tiver por hábito se atualizar através de livros, jornais e revistas.

Através da leitura o ser humano consegue se transportar para o desconhecido, explorá-lo, decifrar os sentimentos e emoções que o cerca, além de viajar na imaginação. Pode, então, vivenciar experiências que propiciem e fixem os conhecimentos significativos de seu processo de aprendizagem.

Neste sentido, é dever da escola, unida a todos os envolvidos na educação, propiciar aos alunos momentos que possam despertar neles o gosto pela leitura, o amor ao livro, a consciência da importância de se adquirir o hábito de ler. E fazer o aluno perceber que a leitura é o instrumento importante para compreender o mundo letrado ao qual estamos inseridos: “[…] vivemos num mundo onde as relações interpessoais mais intensas se baseiam na escuta” (RAMOS, 2011, p.46).

Percebendo que a realidade atual dentro da escola vem afastando cada vez mais nossos alunos do ato de ler, surgiu a necessidade de criar estratégias que valorizem a leitura prazerosa, principalmente aquela feita pelo professor aos seus alunos, tendo em vista que esta não é uma prática muito comum entre os professores como cita o Parâmetro Curricular Nacional de Língua Portuguesa (PCNs):

 

A leitura em voz alta feita pelo professor não é uma prática muito comum na escola. E, quanto mais avançam as séries, mais incomum se torna, o que não deveria acontecer, pois, muitas vezes, são os alunos maiores que mais precisam de bons modelos de leitores (BRASIL, 1997, p. 67).

 

É importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas e muitas histórias, pois é através dos livros e contos infantis que a criança enfoca a importância de ouvir, contar e recontar histórias, além de despertar o gosto pela leitura através de boas práticas e exemplos de leitores assíduos. E a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa, pois é necessário envolver e estimular as crianças para que possam aprimorar habilidades de leitura, oralidade e, consequentemente, a escrita, além de contribuir para a alfabetização, e criar o hábito e o gosto pela leitura.

 

A leitura em voz alta desperta o desejo e a curiosidade das crianças. Quando elas gostam da história que foi lida em sala de aula, acabam buscando os livros em momentos livres de leitura. Portanto, a leitura em voz alta para as crianças pode despertar o desejo de ser leitor (MACIEL; BAPTISTA; MONTEIRO, 2009, p. 40).

 

Para que a criança se torne participante da sociedade é preciso que a escola crie situações do cotidiano, explorando as possibilidades e potencialidades existentes em cada um. É preciso investir nessas atividades, levando-os a compreender o mundo a sua volta. Com prazer é possível buscar o comprometimento, habilidades para gerar ação e competência para agir. Silva (2008, p. 13) assinala que “Além de provocar o aluno no desenvolvimento da leitura e da escrita, a literatura infantil também surge como uma maneira de compreender o mundo”.

A escrita, uma das vertentes da linguagem, faz parte de um sistema discursivo e deve sempre estar contextualizada. A condição básica para o uso da escrita é o sistema alfabético, é através do conhecimento de todas as letras do alfabeto que será possível às crianças aprender a unir as letras, umas com as outras, para formar as sílabas, unir as sílabas para formar palavras e fazer a junção das palavras para formar frases e assim por diante.

 

Considerando-se que os alfabetizandos vivem numa sociedade letrada, em que a língua escrita está presente de maneira visível e marcante nas atividades cotidianas, inevitavelmente eles terão contato com textos escritos e formularão hipóteses sobre sua utilidade, seu funcionamento, sua configuração. Excluir essa vivência da sala de aula, por um lado, pode ter o efeito de reduzir e artificializar o objeto de aprendizagem que é a escrita, possibilitando que os alunos desenvolvam concepções inadequadas e disposições negativas a respeito desse objeto. Por outro lado, deixar de explorar a relação extra-escolar dos alunos com a escrita significa perder oportunidades de conhecer e desenvolver experiências culturais ricas e importantes para a integração social e o exercício da cidadania. (CEALE, 2004, p.14)

Pensando nisso estamos trazendo, por meio da leitura do livro, textos do cotidiano para serem trabalhados durante as aulas, a fim de que o aprendizado não fique descontextualizado da vida cotidiana das crianças em processo de alfabetização.

O objetivo central da alfabetização é proporcionar a leitura e a escrita, autonomamente. Ainda de acordo com o Caderno Ceale a leitura e a escrita podem ser construídas no espaço familiar, mas para grande maioria é na escola que este gosto pode ser incentivado. Para isso é importante que a criança perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário, que ela seja apresentada na leitura, na escrita e a oralidade de forma leve e prazerosa tendo para isso o professor como principal mediador.

A interpretação também faz parte do processo de leitura e escrita, pois estimula o desenvolvimento cognitivo da criança, e a faz compreender aquilo que está sendo lido, como por exemplo: saber quem escreveu o texto e qual ou quais assunto(s) é/são abordado(s); expressar uma opinião sobre o que foi lido; e produzir um texto baseado na leitura. Sendo assim, favorecendo a produção do sentido da criança e contribuindo para sua formação como leitora.

De acordo com o Caderno Alfabetizando (CEALE, 2004), o desenvolvimento e a capacidade da leitura com compreensão leva a três componentes básicos: a compreensão linear  que favorece o reconhecimento de informações visíveis no texto; a produção de inferências para compreender aquilo que está além das entrelinhas, subentendidos no texto: e a compreensão global que implica a construção do sentido, a capacidade de entender e compreender o que está lendo, ler com atenção e produzindo inferências.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, as práticas de linguagem (leitura, escrita, oralidade) devem estar organizadas por campos de atuação, destacando “[…] para a importância da contextualização do conhecimento escolar, para a ideia de que essas práticas derivam de situações da vida social e, ao mesmo tempo, precisam ser situadas em contextos significativos para os/as estudantes.” (BRASIL, 2016, p. 90)

Portanto, o propósito deste projeto é viabilizar a construção de um campo de possibilidades ricas e diversificadas de interação entre as crianças e o professor, com o objetivo de proporcionar às crianças um contato com vários tipos de texto de forma lúdica e divertida.

Neste sentido, é dever da escola, juntamente com todos os envolvidos na educação, propiciar as crianças momentos que possam despertar nelas o gosto pela leitura e a consciência da importância de se adquirir o hábito de leitura e escrita. E fazer o estudante perceber que a leitura é o instrumento importante para compreender a sociedade letrada na qual estamos inseridos.

 

OBJETIVO GERAL

 

O projeto tem por objetivo fazer com que os estudantes sejam capazes de interpretar as leituras realizadas durante a aplicação do mesmo. Pretende-se que eles reconheçam a escrita como meio de comunicação, valorizem a leitura como fonte de prazer e comunicação, além deles consolidarem a escrita, leitura e interpretação.

 

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

  • Conhecer os usos e funções sociais da escrita e da leitura;
  • Desenvolver comportamentos leitores e escritores;
  • Dialogar sobre como a leitura e a escrita estão presentes em nosso cotidiano;
  • Compreender e interpretar o que está sendo lido.

 

METODOLOGIA

 

O desenvolvimento do projeto dar-se-á durante dois meses, sendo realizada duas vezes por semana, com os alunos do 3°ano do Ensino Fundamental. A principal atividade a ser desenvolvida será a leitura, interpretação e produção textual, tendo como base o livro “Felpo Filva”, de Eva Furnari, publicado pela Editora Moderna, no ano de 2006. A escolha desse livro se deu pelo fato dele trabalhar vários gêneros textuais de maneira lúdica.

Esse livro contém a história de um coelho solitário que tinha orelhas diferentes. A escritora, ao contar a história, percorre as várias formas de textos, dentre elas podemos citar: a autobiografia, o manual de instruções, a carta, o telegrama, a bula de remédio, a fábula, o conto de fadas, os provérbios ou ditados populares, o poema, a receita culinária, a lista de coisas, o cartão postal e a canção (partitura).

Cada encontro será organizado mediante a realização de diferentes atividades: rodas de conversas, leitura, recontação de história, produção de texto, desenhos, colagens, etc.

A intenção é propor a leitura gradual do livro escolhido, o que permitirá explorar individualmente cada gênero textual apresentado no livro. As atividades estão programadas para treze encontros, sendo dois encontros semanais e um encontro final para a culminância do projeto.

Durante os encontros faremos várias atividades com os alunos como: produção de autobiografia; montagem de um manual de instruções; escrita de carta e telegrama pelos alunos; apresentação da função da bula de remédio, através de uma roda de conversa com um profissional da saúde; produção de uma fábula com a participação de todas as crianças da sala; contação de história; apresentação de várias receitas aos estudantes, cada criança trará de casa uma receitas para que depois seja feito um livro de receitas; explicação de ditados populares e provérbios, ressaltando que neles sempre há mensagens subentendidas; ensinar a importância de se fazer uma lista de coisas; confecção de cartão postal com o tema Pantanal e apresentação de um músico, que levará um instrumento para tocar para as crianças e aproveitará para dizer como se utiliza uma partitura.

 

RESULTADOS ESPERADOS

 

Esperamos com esse projeto desenvolver nas crianças a consolidação do processo da escrita, leitura e interpretação, de maneira lúdica, além de despertar a capacidade da arte criadora através das atividades realizadas, interesse pela leitura, desenvolvimento da capacidade crítica das crianças, bem como fazer com que elas aprimorarem as habilidades de leitura e oralidade; percebam as situações da vida cotidiana dentro da escola como ferramenta de aprendizado e aprendam por meio da contextualização.

 

REFERÊNCIAS

 

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília, 1997.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – Proposta preliminar – 2ª versão revista. MEC. Brasília, DF, 2016

 

CEALE. Alfabetizando 2. Belo Horizonte: UFMG/Secretaria de estado de Educação de Minas Gerais, 2004.

 

FURNARI, Eva. Felpo Filva. São Paulo: Moderna, 2006. (Coleção Girassol)

 

MACIEL, Francisca Izabel Pereira; BAPTISTA, Mônica Correia; MONTEIRO, Sara Mourão. A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos: orientações para o trabalho com a linguagem escrita em turmas de crianças de seis anos de idade. Belo Horizonte: UFMG/FaE/CEALE, 2009.

 

RAMOS, Ana Cláudia. Contação de histórias: um caminho para a formação de leitores.  2011, p. Dissertação (Mestrado em Educação). Londrina: UEL, 2011.

 

SILVA, Daiane Costa da. A sala de leitura e escrita e as percepções dos professores da segunda série sobre a literatura infantil: uma estratégia de apoio pedagógico. 2008.

Disponível em: < http://hdl.handle.net/10923/2666> Acesso em: 13 nov. 2014.

[1] Acadêmicas do Curso de Pedagogia – Bolsistas PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS

[2] Professoras Coordenadoras de Área PIBID/PEDAGOGIA/CPAN/UFMS